O Artista

  Em 1933, depois de ser desclassificado inúmeras vezes devido à sua voz fanha, Adoniran conquistou o primeiro lugar no programa de Jorge Amaral cantando “Filosofia” de Noel Rosa. Em 1935, compôs, em parceria com o maestro e compositor J. Aimberê, sua primeira música “Dona Boa”, eleita a melhor marcha do Carnaval de São Paulo naquele ano. Na rádio Cruzeiro do Sul ficou até 1940, transferindo-se, em 1941, para a rádio Record, a convite de Otávio Gabus Mendes. Ali começou sua carreira de ator participando de uma série de radioteatro intitulada “Serões Domingueiros”.

  Essa foi a oportunidade para Adoniran começar a criar sua galeria de personagens, sempre cômicos, como o malandro Zé Cunversa ou Jean Rubinet, um galã de cinema francês. O linguajar popular de seus personagens encontrava par em suas composições. A maneira de compor sem se preocupar com a grafia correta tornou-se sua maior característica e lhe rendeu críticas de gente como o poeta e compositor Vinícius de Moraes. Adoniran não deu importância às declarações de Vinícius, tanto que musicou uma poesia do escritor carioca transformando-a na valsa “Bom Dia, Tristeza”.

  Às críticas que recebia Adoniran rebatia: “só faço samba pra povo. Por isso faço letras com erros de português, porquê é assim que o povo fala. Além disso, acho que o samba, assim, fica mais bonito de se cantar.”

  Na Record, Adoniran conheceu o produtor Osvaldo Moles, responsável pela criação e pelo texto dos principais tipos interpretados por ele. Os dois trabalharam juntos durante 26 anos. No rádio, um dos maiores sucessos dessa parceria foi o programa “Histórias das Malocas”, onde Adoniran representava o personagem Charutinho. O programa ficou no ar pela rádio Record até 1965, chegando a ter uma versão para a televisão. Os dois também dividiram a criação de vários sambas.

  Dessa união nasceram, entre outros clássicos, “Tiro ao Álvaro” e “Pafúncia”. Em 1945, Adoniran começou a atuar no cinema. Sua primeira participação foi no filme “Pif-Paf”, seguido de “Caídos do Céu”, em 1946, ambos dirigidos por Ademar Gonzaga. Em 1953, atuou em “O Cangaceiro”, de Lima Barreto.

  Abaixo uma cena do filme "A Carrocinha", onde Adoniran contracena com Mazzaroppi.